ANTONIO ZILOTTI

         Antonio Zilotti, nasceu no dia 31 de março de 1873, em Minerbe, Verona,  Italia, como consta no livro de Registro de nascimento de Minerbe do ano de 1873, no índice de nascimento  encontramos a certidão numero 27, filho de  Luigi Zilotti  e Lucrezia Frattini, casou-se com Carolina Sivieri em 1894.

   

     Devido às dificuldades encontradas na Itália por causa das guerras que ocorreram no século XIX e deixaram rastros de destruição em quase todo o país, a miséria era uma preocupação de todas as classes sociais desta época.

     Antonio e Ângelo, ainda muito jovens já haviam tentado a vida por todos os meios, mesmo assim, cada vez mais as dificuldades chegavam. Sua família nada podia fazer para ajudar, pois todos estavam na mesma situação, não dependendo muito deles e sim da situação de seu país.

     A terra natal, a família, os amigos eram todos amados, porém, a única saída seria imigrar para o Brasil pois, havia a promessa do governo brasileiro de que com a imigração os trabalhadores teriam garantido abundância de comida, trabalho e riquezas. Com coragem e muita esperança, em maio de 1893 Antonio Zilotti e Ângelo Zilotti deixaram sua pátria em busca de um mundo melhor, mesmo sabendo que não existia volta, não só pela distância, mas também pela falta de dinheiro.

     Sem ter idéia do que iam encontrar aqui; traziam somente as forças dos próprios braços e o sonho de que em pouco tempo teriam dinheiro para voltar para a Itália ou comprar um pedaço de terra.

     A viagem para o Brasil durava de 25 a 35 dias, dependendo do trajeto do navio e no dia 01 de junho de 1893 chegaram no Porto de Santos; ao desembarcar já começaram a enfrentar dificuldades pois, os encarregados de fazer a ficha de desembarque muitas vezes mal sabiam escrever em português e solicitava ao italiano que soletrasse o nome da cidade natal; o imigrante (muitas vezes um camponês simplório e de poucos estudos) sentindo dificuldade em se comunicar com o oficial omitiam o nome da cidade onde nasceu, e usavam como referencia a cidade principal mais próxima; pois às vezes haviam nascido em uma pequena comune com nome comprido ou complicado de escrever. Depois de tudo isto o próximo destino seria São Paulo uma viagem de trem pela estrada de ferro São Paulo Railway.

     Ao chegarem a São Paulo desembarcavam na estação ferroviária do Brás, onde eram aguardados por funcionários da Hospedaria dos Imigrantes. E ali permaneciam ate que um fazendeiro ou seu capataz contratasse o imigrante para trabalhar nas fazendas de café; tinham preferência às famílias numerosas os solteiros encontravam mais dificuldades em arranjar emprego.

     Depois de aproximadamente um ano morando em São Paulo, Antonio conheceu Carola Sivieri, que também era uma imigrante italiana, filha de Lorenzo Sivieri e Pietra Martinelli que já estava no Brasil desde 9 de julho de 1888; e após algum tempo de namoro se casaram no dia 29 de setembro de 1894 na Paróquia Senhor Bom Jesus dos Matozinhos no Brás, em São Paulo.

     Antonio e Carola permaneceram em São Paulo ate meados de 1900, onde tiveram as filhas Secunda (Gioconda), nascida no dia 21 de fevereiro de 1898, no Brás e Concheta também nascida no Brás no dia 8 de dezembro de 1900 e que foram batizadas na igreja do Bom Jesus.

     Em sua estada na capital paulista Antonio trabalhou na construção civil, no Bairro do Brás, mas sempre procurando uma fazenda para trabalhar, foi quando surgiu a oportunidade de trabalhar em Santa Cruz do Rio Pardo, pois seu irmão Ângelo ja estava em Santa Cruz desde 1894 trabalhando com o fazendeiro Agostinho Santana que o contratou para trabalhar na Fazenda Santana.

     No final de 1899 chegou em Santa Cruz, com a esposa gravida de João e as duas filhas e agora tinha a lavoura para cultivar.

     Na lavoura ficava até por volta de 5 horas da tarde. Almoçavam um pedaço de polenta, por volta de 10:00 horas da manhã. À tarde, de volta para casa, lavava o rosto, mãos, pés e braços e jantava uma sopa, mistura de sobras de comidas da casa (minestra). Se o cansaço não fosse tão grande, ainda tinha tempo para um dedo de prosa com os vizinhos. O lazer de conversar, de contar a própria vida, de exagerar nos causos para empolgar, de mentir abertamente, com a certeza de que ninguém acreditaria mas todos ficariam mais divertidos e alegres. Era um homem despido de instrumentos para a recreação e o lazer. Gostava de reunir-se com os amigos para saborear um vinho e dançar uma tarantela.

     Geralmente se deitava muito cedo, pois, trabalhar no cafezal era duro e no dia seguinte começava ao raiar do sol, por volta de 5:00 horas da manhã.

     Dinheiro não sobrava, em função do alto custo de vida na fazenda. Mas com grande sacrifício, conseguiu fazer economias para comprar no ano de 1904 um pedaço de terra em Santa Cruz, na Rua Barão de Cotegipe, um local onde moravam muitas famílias de imigrantes italianos onde construiu uma pequena casa que possuía cinco cômodos sem revestimento com piso de terra batida e coberta de telhas.

 

 

     Para construir a casa Antonio foi ajudados pelo seu irmão Ângelo que também era pedreiro (muratore) e os serventes eram membros da família. Ergueram os batentes sobre os alicerces aprumados e nivelados, mantidos assim por escoras; na seqüência , subiam as paredes em "meio tijolo", usando sempre os seguintes instrumentos: níveis, esquadros, prumos. Os tijolos, assentados em barro, fixavam os batentes com "cintas de barril", presas aos batentes e amarrados aos tijolos. A construção foi feita com tijolos e o assentamento para serem mantidos à vista, sem revestimentos.

      No respaldo das paredes, na altura de cerca de três metros, assentaram, em nível, vigas roliças (vassourão) com diâmetros de 12 cm, paralelas de 50 em 50 cm em toda a área de construção, com finalidade de amarrar as paredes. As vigas , terças caibros e ripas do telhado, assim como os batentes e soleiras, foram escolhidas na mata. As árvores eram assim selecionadas: "o vassourão", usado como vigas e terças; a "canela" para batentes e vigas. O coqueiro ou palmeira, cortado e desdobrado com trançador, era utilizado como ripas e caibros do telhado. As ferramentas para regularizar e trabalhar a madeira eram o machado, o trançador, a serra de volta, a enxó, a plaina e a galopa.

     A casa tinha uma porta central e de cada lado uma janela. Isso determinava um desenvolvimento interno: a sala central distribuindo para os quartos lateral, local para refeições e cozinha nos fundos, mesmo em prejuízo da claridade nos quartos, quando coincidia com a face sul. A cobertura era disposta em duas águas.

     Não havia banheiros no interior da casa. O banho era tomado nos quartos, com o auxílio de equipamentos triviais tais como mastela, tina, bacias grandes e pequenas, usadas para lavar os pés antes de dormir. As necessidades fisiológicas eram feitas em uma latrina com fossa negra no fundo do quintal. À noite utilizavam-se urinóis; as fezes eram depositadas nas esterqueiras e freqüentemente a urina era jogada em formigueiros, na tentativa de exterminá-los.

     A cozinha é a peça da casa que recebeu o maior número de equipamentos construídos, entre os quais destaca-se o fogão, o apoio para filtro, reservatórios de lenha, apoios para potes e latas de água. No quintal tinha um forno-de-pão, cujo corpo era construído de barro utilizando o cupim retirado de pastos ou terra de formigueiros .

     No interior da cozinha tinha um fogão à lenha, de tijolos, revestido de cimento importado da Europa que tinha, na parte superior, uma chapa com três bocas de diâmetros diferentes e, sob esta, o fogo. No corpo do fogão era assentado o forno industrializado, feito de ferro com tampa e gaveta para as brasas, a fumaça era tirada por chaminés munidas de registros.

    A louça era, lavada no rio ou em caldeirões e tinas.. A água era trazida do ribeirão São Domingos ou do poço e armazenada em baldes ou potes, e colocada ao lado do fogão. Tinha na cozinha prateleiras na parede para pendurar as panelas de barro, ou ferro fundido, conchas e a vasilha de sal. Nesta casa viveu com sua família e tiveram os filhos João Zilotti, Antonia Zilotti,  Dionizio Zilotti, Umberto Zilotti,  Sebastião Zilotti e Carlota Zilotti.

     Devido à falta de recursos do setor cafeeiro, abandonou a fazenda e passou a trabalhar como pedreiro, onde construiu diversas casas em Santa Cruz sendo que uma de suas ultimas obras foi a construção da antiga Escola de Comércio, na Avenida Tiradentes.

     CAROLINA SIVIERI faleceu em Santa Cruz no dia 20 de setembro de 1962.

     ANTONIO ZILOTTI, faleceu em Santa Cruz do Rio Pardo, no dia 22 de maio de 1946.